segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Xikinhu de Tania Maclovia.

Minha estrada é longa, eu sei...
E por saber disto o tempo que me resta urge em ser vivido, ser compreendido, ser consumado.
No entanto a cada dia minha estrada vai ficando mais longa e, tenho mais trabalho para seguir trilhando e caminhando sobre as coisas que acontecem.
Esta é a mágica da vida que envolve conhecer para concluir que nada se sabe.
Às vezes para  minha caminhada pela montanha mágica, onde os anjos vivem e se expressam livremente e me sento sobre uma enorme pedra que se projeta diante do desfiladeiro.
 É muito alto e venta muito forte, e talvez isto me faça  tão bem, porque o fato de me sentir pequenino diante da natureza que posso vislumbrar é o que me dá consciência de minha real condição de ser humano.
O tempo parece estar parado aqui na pedra grande.
-Olá Caminhante !
É o tempo que tenho para levantar-me e olhar para trás de onde vem a voz e, ainda receber um abraço bem apertado antes de poder respirar .
-Olá Xikinhu!. Há algum tempo que não nos falamos. Poxa quanto tempo. Posso sentir você bem confiante, bem sereno.
-Sempre estou por aqui, mas muitas vezes não me interessa ser visto. Mas agora é diferente, sei que minha presença esta sendo tão perturbadora quanto minha ausência.
Há algum tempo que quero falar contigo para  que tu leve uma palavra minha até minha Mãe e minha irmã e, meu pai.
Sempre que posso falo com Laurinha, muitas vezes ela me responde com a certeza que eu preciso para me sentir vivo ainda que não seja um vivente.
Quero que meus pais e irmã saibam que minha vida agora é independente da vida deles, e que nada do que façam pode interferir em minha caminhada, portanto independentemente do que eles achem ou creiam do que eu possa saber , ou sentir, eles devem levar a vida deles, vivendo-as mesmo.
Fernanda esta muito confusa diante das responsabilidades que assumiu, mas ela não pode sentir tanto medo de errar e querer viver uma vida enclausurada como se não pudesse sequer se divertir. Isto não vai além do que ela pode sentir e precisar valorizar para pode escolher; mas ela não está vivendo.
Minha Mãe esta muito solitária, porque quando eu vivia  eu sempre fui o contraponto dela, sempre fui um interlocutor, e sempre a ouvi também e, isto esta fazendo falta muita falta pra ela.
-E você tem algum recado pra eles Xikinhu? – pergunto.
Não tenho recado algum que apague a saudade que sentimos uns dos outros.
Xikinhu se afasta, e caminha desaparecendo na nevoa fina que insiste e tomar conta da montanha.
Enquanto me preparo para a descida, tomo um gole de café ainda quente e, penso com meus botões, um prazer raro que poucos privilegiados podem ter.
Eu e minha Montanha, uma cumplicidade tão intensa, quanto eu e minha  Mente.

Léo s bella

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